Quando vem alguém almoçar aqui em casa, já sabe. A sobremesa será sempre doce de leite e goiabada. Em casa de mineiro não pode faltar doce de leite, ou a goiabada, e um queijinho de Minas curado, de preferência. O doce de leite eu prefiro aquele de Viçosa, e a goiabada tem que ser de Ponte Nova, me perdoem os parentes do Sul de Minas. Dizem os portenhos que o doce nacional da Argentina é o doce de leite. É porque nunca foram a Minas. Se forem, não acharão mais graça nenhuma no dulce de leche encontrado na Recoleta em Buenos Aires.
Dona Maria Stella Libanio Christo, falecida em Belo Horizonte em 2011, deixou-nos um legado que permanecerá para sempre. Ela foi resgatar, em antigos livros de receitas de família, aquelas comidas tipicamente mineiras que todos guardamos no inconsciente. Esta primeira edição do Fogão de Lenha, seu primeiro livro, corri para comprar logo que foi publicado. Edição primorosa, em capa dura, com citações de personagens ilustres como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Abílio Machado, Tarquínio de Oliveira, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga e outros. No capítulo dos doces, lá está a descrição da mesa de doces do casamento de dona Mathilde de Carvalho Dias e Lindolpho, do ramo dos Dias de Poços de Caldas. E lá está a receita do Doce de Leite Fazenda do Manso, este antepassado de nossa autora independente Josélia Teles. Tem receita de suspiros, que minha mãe gostava de fazer, siricaia, pudim Santa Bárbara, pudim angélico e pudim abolicionista. Pé de moleque e pimpões. Torta preguiçosa e torta vice rei de nozes. Receitas antigas, muito antigas, de quitutes e quitandas. Deus a abençoe, dona Maria Stella.
Retirei da introdução do livro ("Por quê?"):
"Costume mineiro é comer cinco vezes ao dia. Só café, coletivamente, o mineiro toma três. O primeiro é simples e bem cedinho, acompanhado de pão com manteiga ou broa de fubá. No meio da tarde, o segundo café se acompanha de bolo, rosca, biscoitos e queijo fresco. Antes de dormir, café reforçado com quitandas."
Tudo isso escrevo para reafirmar minha crença de que nós somos maiores que as vicissitudes, a mediocridade e a pequenez dos tempos atuais. Nós temos história para contar. Nossos antepassados lutaram muito e deram duro para que estivéssemos aqui hoje. São estas pequenas tradições, como os livros de receitas de nossas avós e bisavós, que não nos deixam esquecer isso.
Nota: Confirmo o escrito acima, no ano do Covid-19 (2020)
(1 de fevereiro de 2015)
Para conhecer livros nossos cujo tema central seja a vida em Minas Gerais clique aqui.
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Dona Maria Stella Libanio Christo, falecida em Belo Horizonte em 2011, deixou-nos um legado que permanecerá para sempre. Ela foi resgatar, em antigos livros de receitas de família, aquelas comidas tipicamente mineiras que todos guardamos no inconsciente. Esta primeira edição do Fogão de Lenha, seu primeiro livro, corri para comprar logo que foi publicado. Edição primorosa, em capa dura, com citações de personagens ilustres como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Abílio Machado, Tarquínio de Oliveira, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga e outros. No capítulo dos doces, lá está a descrição da mesa de doces do casamento de dona Mathilde de Carvalho Dias e Lindolpho, do ramo dos Dias de Poços de Caldas. E lá está a receita do Doce de Leite Fazenda do Manso, este antepassado de nossa autora independente Josélia Teles. Tem receita de suspiros, que minha mãe gostava de fazer, siricaia, pudim Santa Bárbara, pudim angélico e pudim abolicionista. Pé de moleque e pimpões. Torta preguiçosa e torta vice rei de nozes. Receitas antigas, muito antigas, de quitutes e quitandas. Deus a abençoe, dona Maria Stella.
Retirei da introdução do livro ("Por quê?"):
"Costume mineiro é comer cinco vezes ao dia. Só café, coletivamente, o mineiro toma três. O primeiro é simples e bem cedinho, acompanhado de pão com manteiga ou broa de fubá. No meio da tarde, o segundo café se acompanha de bolo, rosca, biscoitos e queijo fresco. Antes de dormir, café reforçado com quitandas."
Tudo isso escrevo para reafirmar minha crença de que nós somos maiores que as vicissitudes, a mediocridade e a pequenez dos tempos atuais. Nós temos história para contar. Nossos antepassados lutaram muito e deram duro para que estivéssemos aqui hoje. São estas pequenas tradições, como os livros de receitas de nossas avós e bisavós, que não nos deixam esquecer isso.
Nota: Confirmo o escrito acima, no ano do Covid-19 (2020)
(1 de fevereiro de 2015)
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2 Comments:
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- andrea sales said...
24 de setembro de 2017 às 17:55Aqui em Minasé bem assim mesmo, amei!- Pie said...
8 de maio de 2022 às 06:30Belo texto, tudo verdade, tudo gostoso feito com detalhes. Bom de saborear, repetire cumprimentar o engenheiros destas alquimias
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