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Que Minas foi dada a revoluções e inconfidências todo mundo sabe. O que pouca gente tem conhecimento, hoje em dia, é sobre a chamada Revolução Liberal de 1842. Não existem muitas obras sobre este acontecimento. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (em 2015) e antes dela a saudosa Editora Itatiaia fizeram reedições do livro (de 1844), cuja capa mais recente aparece aqui. Embora eu não seja historiador, e já peço desculpas por isso, vou tentar resumir o que aprendi, lendo o livro do Cônego José Antônio Marinho, que teve originalmente o título de Historia do movimento político que no anno de 1842 teve lugar na provincia de Minas Geraes. 

O autor foi testemunha ocular e partícipe dos eventos que culminaram com a tentativa de dar autonomia política às províncias de Minas e São Paulo, já sob o reinado de D. Pedro II.
Desde quando proclamou-se a independência do Brasil formaram-se duas correntes políticas antagônicas. Os liberais e os conservadores. Estes queriam a todo custo manter o caráter centralizador do soberano (característica do primeiro reinado), enquanto os liberais, os mesmos que forçaram a abdicação de D. Pedro I, queriam dar mais autonomia às províncias  e nem queriam ouvir falar de um possível retorno ao reino unido de Portugal. Estas duas forças se chocaram durante todo o período da Regência. Os liberais forçaram, então, que se proclamasse a maioridade de D. Pedro II. E embora tenham conseguido, sabe-se lá como, uma maioria no parlamento, o gabinete era conservador. Algumas manobras dos conservadores levaram a que um movimento insurgente tomasse conta das províncias de São Paulo e Minas. Em São Paulo um dos líderes foi o Padre Diogo Antônio Feijó, outro foi Rafael Tobias de Aguiar (que acabou se casando com a famosa Marquesa de Santos) . E em Minas um dos líderes foi Teófilo Ottoni. Tudo começou em Barbacena, com a indicação de um novo governador da Província. Depois houve escaramuças com os legalistas em Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), e outros lugares. O governo imperial designou o Barão de Caxias para a missão de sufocar as revoltas, o que, dizem, ele fez muito mais com negociação, do que com violência, principalmente em São Paulo. Outros tempos...

Mas onde entra Sabará nesta história? Sabará era sede de uma extensa comarca, e talvez a cidade mais importante depois de Ouro Preto, onde o governo provincial permanecia leal ao Rio de Janeiro. As tropas insurgentes tomaram Lagoa Santa, Santa Bárbara, Caeté, Sabará e depois Santa Luzia. Caxias ao chegar em Minas, foi direto para Ouro Preto, a capital. De lá partiu para Sabará, venceu os insurgentes e atacou Santa Luzia. E foi na chamada Batalha de Santa Luzia, usando tática bem sucedida de atacar pelos flancos, que Caxias conseguiu o fim das hostilidades, com mais de 100 mortos de ambos os lados, e normalizar a situação em Minas. 

Eu lendo a história contada pelo Cônego Marinho fiquei com os liberais. E Caxias, como disse ele mesmo ao Padre Feijó em Sorocaba, apenas cumpria as ordens do governo de SM. Uma boa leitura para ajudar a entender a confusão política do Brasil de hoje.

(24 de agosto de 2018, em homenagem à memória de Getúlio Vargas, um liberal conservador, para desgosto de meu amigo e autor independente Washington Luiz)

Carlos G. Vieira

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