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Fui aluno do Dr. Soter Ramos Couto, médico e professor, no Colégio Anchieta, em Belo Horizonte. Quando a classe pedia que ele contasse uma história, um daqueles causos de Diamantina, seu rosto se iluminava. Esta era a época em que Diamantina andava em voga, com Juscelino, e a história de Minas era de interesse de todo mundo.

Ninguém ali acreditava que Diamantina fosse o Beco do Mota, como na música de Milton Nascimento. Diamantina era Chica da Silva, era a seresta, a comida, os festejos, a Catedral. Era a cidade colonial preservada pela distância de Belo Horizonte.

O livro Vultos e Fatos de Diamantina, de autoria de Soter Couto, foi publicado, pela primeira vez, em 1954. Uma nova edição foi feita em 2002, acrescida de um volume II escrito por Lomelino Andrade Couto. Muitas histórias de Diamantina eu conheci quando ainda era um adolescente, porque me foram contadas por Roberto Brant. Mas o Dr. Soter tinha um conhecimento profundo da alma diamantinense. Aquela mesma nostalgia que transpirava em JK Presidente, quando passava por Belo Horizonte, e ia chupar as jabuticabas que Dona Júlia havia escolhido a dedo e guardado na geladeira. Por exigência do filho, minha mãe passou a fazer o mesmo. Seria preciso ter vivido em Diamantina, o velho Tejuco, para se entender o chamado “espírito diamantino”. O admirável livro de Helena Morley (Minha Vida de Menina), ela que morou quase às margens do Jequitinhonha e aqui na beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, mostrou muito bem a simplicidade e a harmonia do povo diamantinense.

Outro dia mesmo emocionei-me ouvindo as vozes infantis do Coral da Arte Miúda, de Diamantina, uma iniciativa fantástica de Soraya Ferreira. Queria, enfim, dizer para quem acompanha o blog que foi muito bom ler este livro que o Dr. Soter nos legou. Vale a pena procurar por ele em livrarias e sebos, como eu fiz.

(Livro “Vultos e Fatos de Diamantina", Soter Couto, ed. Armazém de Ideias, 2002)
(6 de setembro de 2013)

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