Quando meu irmão decidiu largar a placidez da Barra da Tijuca, a proximidade do mar tão importante para a alma mineira, e foi de mala e cuia para Lagoa Santa, Minas Gerais, cheguei a pensar que ele enlouquecera. Mas não, é que ele ficou sabendo, tenho certeza agora, da prodigiosa lagoa, também chamada de Lagoa Grande, que já no século XVIII era conhecida por suas propriedades curativas. Este relato em livro de 1749, do cirurgião português João Cardoso de Miranda, dá conta desta descuberta. O título todo é Prodigiosa Lagoa descuberta nas Congonhas das Minas do Sabará, que tem curado a varias pessoas dos achaques, que nesta relação se expõem. Livro raríssimo. Existem hoje apenas três exemplares no mundo. Um deles está guardado na USP em São Paulo, outro em Portugal e o terceiro na Alemanha.
Já naquela época os mais carentes de recursos (escravos e forros), sem condições de serem atendidos por médicos, boticários e curandeiros, se utilizavam das águas da Lagoa, que depois virou Santa, para amenizar dores e feridas no corpo. Mas não só. Homens livres também procuravam banhar-se na Lagoa para curar diversas enfermidades, sobretudo doenças da pele. Parece que existem, ou existiam, alguns componentes nas águas da lagoa capazes de curar efetivamente. Isto me lembra um pouco os banhos no Palace Hotel e nas Thermas Antônio Carlos, em Poços de Caldas. O próprio autor deste relato, cirurgião formado pelo Hospital do Porto e com andanças por hospitais da França, teve um problema em um dos olhos curado pelas águas milagrosas. Ele chegou a relacionar no texto 107 curas comprovadas por ele, para dar maior autenticidade à descoberta.
Portanto, as terras da Comarca do Sabará, no século XVIII, além do ouro também possuíam seus lugares santos. Não é por acaso que hoje temos na cidade de Lagoa Santa uma bela igreja dedicada a Nossa Senhora da Saúde. Século mais tarde o Dr. Peter Lund, um dinamarquês, dedicou-se a pesquisar sinais de culturas ancestrais na região da Lagoa Santa. Desconfio que meu irmão tinha razão.
(12 de janeiro de 2014)
Já naquela época os mais carentes de recursos (escravos e forros), sem condições de serem atendidos por médicos, boticários e curandeiros, se utilizavam das águas da Lagoa, que depois virou Santa, para amenizar dores e feridas no corpo. Mas não só. Homens livres também procuravam banhar-se na Lagoa para curar diversas enfermidades, sobretudo doenças da pele. Parece que existem, ou existiam, alguns componentes nas águas da lagoa capazes de curar efetivamente. Isto me lembra um pouco os banhos no Palace Hotel e nas Thermas Antônio Carlos, em Poços de Caldas. O próprio autor deste relato, cirurgião formado pelo Hospital do Porto e com andanças por hospitais da França, teve um problema em um dos olhos curado pelas águas milagrosas. Ele chegou a relacionar no texto 107 curas comprovadas por ele, para dar maior autenticidade à descoberta.
Portanto, as terras da Comarca do Sabará, no século XVIII, além do ouro também possuíam seus lugares santos. Não é por acaso que hoje temos na cidade de Lagoa Santa uma bela igreja dedicada a Nossa Senhora da Saúde. Século mais tarde o Dr. Peter Lund, um dinamarquês, dedicou-se a pesquisar sinais de culturas ancestrais na região da Lagoa Santa. Desconfio que meu irmão tinha razão.
(12 de janeiro de 2014)
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