Lá na Igreja e Abadia da Graça, em Salvador, estão os restos mortais de uma autêntica brasileira, batizada em 30 de julho de 1528 na comuna de Saint Malo (Bretanha) como "Katherine du Brézil", conforme registro de batismo abaixo. Com isto ela e o marido, Diogo Álvares Corrêa, se tornaram, por assim dizer, o primeiro casal cristão do Brasil.
Le pénultime jour du moys surdit fut baptizée la
Katherine du Brézil, et fut compère ......
premier noble homme Guyon Jamyn, sieur
de Saint Jagu, et commères Katherine des Granges
et Françoise Le Gonien, fille de l'aloué
de Saint Malo, et fut baptizée para maître Lancelot
Ruffier, vicaire du dit lieu, le dit jour que dessus.
P. Trublet
Ela é a índia Paraguaçu, filha do cacique tupinambá Taparica, cuja aldeia ficava mais ou menos onde é hoje o bairro da Barra, em Salvador. Ele é o famoso Caramuru, nascido na atual Viana do Castelo, e que chegou com menos de vinte anos a nado na região do bairro do Rio Vermelho, depois que sua nau foi a pique. Sua história é conhecida. Ele deu início à primeira povoação portuguesa do Brasil exatamente no alto do bairro da Graça. Foi lá que Paraguaçu, já batizada, mandou construir uma pequena igreja para nela ser colocada uma imagem de Nossa Senhora das Graças que apareceu na praia da Ponta de Castelhanos, imagem que seria levada para Buenos Aires não fosse uma tempestade que fez a embarcação naufragar. Esta mesmíssima imagem está lá até hoje na atual Igreja da Graça para quem quiser ver.
O casal Diogo e Paraguaçu foi levado para a França pelo explorador Jacques Cartier, o chamado "descobridor" do Canadá. Levou-os para o seu burgo natal na Bretanha (Saint Malo), e depois apresentou-os à corte do rei de França. Sua mulher Catherine Desgranges encarregou-se da catequese de Paraguaçu e emprestou-lhe o nome cristão. Só vários anos depois o casal Diogo e Paraguaçu retornou à Bahia.
Pois bem, este casal deu origem a uma enorme descendência. Segundo o historiador e genealogista Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão foram quatro as filhas legítimas. De uma delas, Genebra Álvares, descende também nossa autora independente Josélia Teles, coautora do livro Esta brava e estoica gente das Gerais (cujo eBook pode ser baixado gratuitamente, em vários formatos - clique aqui). O livro mostra que as raízes de muitos velhos troncos de famílias mineiras, para usar um termo do Cônego Raimundo Trindade, estão mesmo em Portugal, na Bahia e em São Paulo.
O livro de Olga Obry, Catherine du Brésil, publicado pela primeira vez em português em 1945, conta a história fantástica de Paraguaçu.
(19 de fevereiro de 2015)
Le pénultime jour du moys surdit fut baptizée la
Katherine du Brézil, et fut compère ......
premier noble homme Guyon Jamyn, sieur
de Saint Jagu, et commères Katherine des Granges
et Françoise Le Gonien, fille de l'aloué
de Saint Malo, et fut baptizée para maître Lancelot
Ruffier, vicaire du dit lieu, le dit jour que dessus.
P. Trublet
Ela é a índia Paraguaçu, filha do cacique tupinambá Taparica, cuja aldeia ficava mais ou menos onde é hoje o bairro da Barra, em Salvador. Ele é o famoso Caramuru, nascido na atual Viana do Castelo, e que chegou com menos de vinte anos a nado na região do bairro do Rio Vermelho, depois que sua nau foi a pique. Sua história é conhecida. Ele deu início à primeira povoação portuguesa do Brasil exatamente no alto do bairro da Graça. Foi lá que Paraguaçu, já batizada, mandou construir uma pequena igreja para nela ser colocada uma imagem de Nossa Senhora das Graças que apareceu na praia da Ponta de Castelhanos, imagem que seria levada para Buenos Aires não fosse uma tempestade que fez a embarcação naufragar. Esta mesmíssima imagem está lá até hoje na atual Igreja da Graça para quem quiser ver.
O casal Diogo e Paraguaçu foi levado para a França pelo explorador Jacques Cartier, o chamado "descobridor" do Canadá. Levou-os para o seu burgo natal na Bretanha (Saint Malo), e depois apresentou-os à corte do rei de França. Sua mulher Catherine Desgranges encarregou-se da catequese de Paraguaçu e emprestou-lhe o nome cristão. Só vários anos depois o casal Diogo e Paraguaçu retornou à Bahia.
Pois bem, este casal deu origem a uma enorme descendência. Segundo o historiador e genealogista Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão foram quatro as filhas legítimas. De uma delas, Genebra Álvares, descende também nossa autora independente Josélia Teles, coautora do livro Esta brava e estoica gente das Gerais (cujo eBook pode ser baixado gratuitamente, em vários formatos - clique aqui). O livro mostra que as raízes de muitos velhos troncos de famílias mineiras, para usar um termo do Cônego Raimundo Trindade, estão mesmo em Portugal, na Bahia e em São Paulo.
O livro de Olga Obry, Catherine du Brésil, publicado pela primeira vez em português em 1945, conta a história fantástica de Paraguaçu.
(19 de fevereiro de 2015)
Marcadores: História, Livros Antigos
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