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QUANDO DIANA COMPLETOU DEZ ANOS, recebeu de presente de seus pais uma edição especial do livro de Lewis Carroll, que no ano de 2015 comemorou 150 anos, desde que foi impresso pela primeira vez, em 1865. Tempos estranhos aqueles, onde uma criança recebia de presente um livro, e não um Smartphone ou um Playstation. Como, naquela época, Diana morava nos Estados Unidos, o livro veio com uma dedicatória para que se lembrasse do "país das maravilhas".

 Agora, em 2015, vejo, na última edição da revista The New Yorker, um longo artigo do escritor e jornalista inglês Anthony Lane, morador em Cambridge, sobre o livro e o autor.

Ele começa se perguntando quem costumava ler Alice no País das Maravilhas antigamente? E ele mesmo responde que era todo mundo que lia, ou mesmo onde houvesse uma pessoa disposta a contar uma história, e outra a escutar. Atualmente, Alice caiu naquela categoria de livros que todos conhecem, sem necessariamente terem lido. Existem adaptações, filmes, peças de teatro e possivelmente até livros para pintar. É o que Lane chama de conhecer um livro, ou a história, por osmose cultural.

Talvez muita gente não saiba que Lewis Carroll era o pseudônimo do reverendo da Igreja Anglicana Charles Lutwidge Dodgson, um professor de matemática no Christ College, em Oxford. Que além de escritor, poeta e religioso, foi também um fotógrafo profícuo, numa época onde as fotos não eram tão simples de serem tiradas como hoje. E daí veio uma controvérsia sobre a sua vida íntima. São conhecidas cartas suas às mães de algumas meninas solicitando permissão para fotografá-las, até mesmo nuas. Como diz Anthony Lane, se fosse hoje, isto seria motivo suficiente para uma ordem de prisão. Mas parece que o reverendo, naquela época vitoriana, inspirava mais admiração do que desconfiança. Algo assim como um Michael Jackson e as crianças. Depois, veio a psicanálise e mil outras releituras. 

Mas Alice, escrito para uma certa Alice Liddell, filha do deão do Christ College, sem maiores pretensões, tornou-se um daqueles clássicos da literatura universal que ninguém pode ignorar.
(2 de junho de 2015)

3 Comments:

  1. Alvaro Esteves said...
    Criança, conheci Alice através de disquinhos com historinhas contadas e , depois, vi o filme da Disney. Só vim a ler o livro por volta dos meus 30 anos, nos preparativos para uma festa temática de aniversário de minha filha Renata. Até hoje, quarenta anos deppois, sonho de vez em quando com a história, sempre uma curtição.
    vececo said...
    Espero que o mesmo aconteça com o livro de Daniel Esteves "D8 Robot and the Red Balloon", eBook publicado em inglês. As novas invasões bárbaras.
    vececo said...
    Melhor dizendo Daniel & Esteves.

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