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Este livro, publicado pela primeira vez na França em 1958 e nos Estados Unidos em 1986, com o subtítulo Uma introdução aos manuscritos gnósticos coptas descobertos em Chenoboskion, é considerado até hoje a obra mais importante já escrita sobre os textos gnósticos dos primeiros séculos da era cristã. O autor, Jean Doresse, foi um historiador e profundo conhecedor da língua copta, falada e escrita no Egito principalmente nos séculos III e IV. Hoje ela é praticamente uma língua morta, apenas encontrada em textos litúrgicos da Igreja Ortodoxa Copta.
As chamadas seitas gnósticas foram conhecidas até o século XX quase que apenas pelas referências feitas a elas pelos autores da contestação das heresias reunida na Philosophumena, atribuída a alguns dos Padres da Igreja como Hipólito, Orígenes, Irineu e Eusébio, entre outros. Eram conhecidos também alguns poucos códices e fragmentos de pergaminhos, e algumas idéias, consideradas exóticas (ou heréticas) que versavam principalmente sobre a cosmogonia, os descendentes de Seth (o terceiro filho de Adão e Eva), o dilúvio, e a oposição de duas divindades: a de luz (a do mundo não corpóreo) e da escuridão (do mundo material).
A descoberta em 1945, quase por acaso, de um conjunto de obras deste período, transcritas possivelmente do grego para a língua copta, enterradas perto da aldeia egípcia de Nag Hammadi (conhecida na antiguidade como Chenoboskian), permitiu aos estudiosos terem contato, pela primeira vez, com textos completos de obras apenas conhecidas por citações e condenações. Jean Doresse participou ativamente da identificação e tradução dos textos. Estes mostraram que o gnosticismo, antes considerado apenas uma heresia cristã, tinha raízes mais antigas, principalmente no zoroastrismo persa e no hermetismo. Na realidade, alguns gnósticos incorporaram imagens cristãs e judaicas às visões já existentes muito antes do nascimento de Jesus.
O livro de Jean Doresse faz um detalhado comentário dos textos encontrados, e nos ajuda a situar o pensamento gnóstico dentro das controvérsias dos primeiros séculos do cristianismo. Não é um livro religioso. É uma obra quase acadêmica sobre os textos, escrita num linguajar acessível, muito embora as idéias gnósticas, estas sim, nos pareçam de difícil entendimento. Para a leitura integral da biblioteca de Nag Hammadi será preciso buscar outras fontes. Pela sua importância apenas um texto é reproduzido totalmente no anexo: o Evangelho de Tomé (apócrifo).
(17 de agosto de 2015)

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