A primeira vez que entrei na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em São João del Rei, uma relíquia do barroco mineiro (construída em 1721), estava tão impressionado com o Centro Histórico e com a figura destemida de Bárbara Eliodora, que pensei "se tiver uma filha ela vai se chamar Barbara" (sem acento, para desespero do meu amigo e filólogo Paulo Sarmento). Tive e ela era chamada de Bárbara Lili. Pois só agora tive a oportunidade de ler o livro Inconfidências Mineiras de Sonia Sant'Anna (também sem acento), publicado pela primeira vez no ano de 2000, quando a autora tinha 62 anos de idade. Numa linguagem deliciosa, ela nos conta uma história privada da Inconfidência.
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Descendente, ela própria, de uma irmã de Bárbara chamada Iria, e dos Vilhenas de Campanha, dos quais também descende meu primo Flávio, ela nos mostra como os principais inconfidentes viviam, e principalmente deviam. Fiquei surpreso em saber que o delator Joaquim Silvério dos Reis era um próspero fazendeiro, além de contratador, com várias propriedades, algumas delas ainda por pagar, e muitas dívidas. Alvarenga Peixoto, marido de Bárbara quase por imposição do Governador-General, depois de já ter uma filha com ela, era um grande perdulário. Como não podia comprar uma fazenda em São Gonçalo do Sapucaí, pela função que ocupava, colocou em nome do sogro, que acabou perdendo tudo para pagar as dívidas do genro, que já estava preso e depois foi degredado. Mas Alvarenga era um poeta encantador, e nos deixou o célebre poema, entre outros, dedicado à sua esposa que começa com esta estrofe:
Bárbara bela, do Norte estrela
Que meu destino sabes guiar,
De ti ausente triste somente
As horas passo a suspirar.
Poema escrito no cárcere da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Os filhos de Bárbara e Alvarenga não puderam ser batizados em São João del Rei, onde nasceram, porque o vigário teve uma disputa com Alvarenga para compra de umas terras e perdeu. Passou, então, a denunciá-lo por viver maritalmente com Bárbara.
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Descendente, ela própria, de uma irmã de Bárbara chamada Iria, e dos Vilhenas de Campanha, dos quais também descende meu primo Flávio, ela nos mostra como os principais inconfidentes viviam, e principalmente deviam. Fiquei surpreso em saber que o delator Joaquim Silvério dos Reis era um próspero fazendeiro, além de contratador, com várias propriedades, algumas delas ainda por pagar, e muitas dívidas. Alvarenga Peixoto, marido de Bárbara quase por imposição do Governador-General, depois de já ter uma filha com ela, era um grande perdulário. Como não podia comprar uma fazenda em São Gonçalo do Sapucaí, pela função que ocupava, colocou em nome do sogro, que acabou perdendo tudo para pagar as dívidas do genro, que já estava preso e depois foi degredado. Mas Alvarenga era um poeta encantador, e nos deixou o célebre poema, entre outros, dedicado à sua esposa que começa com esta estrofe:
Bárbara bela, do Norte estrela
Que meu destino sabes guiar,
De ti ausente triste somente
As horas passo a suspirar.
Poema escrito no cárcere da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Os filhos de Bárbara e Alvarenga não puderam ser batizados em São João del Rei, onde nasceram, porque o vigário teve uma disputa com Alvarenga para compra de umas terras e perdeu. Passou, então, a denunciá-lo por viver maritalmente com Bárbara.
E uma personagem cativante, ainda que de passagem, é Quitéria, filha da Chica da Silva, esta que teve uma união consensual com o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira e irmã de leite do Padre Rolim, um dos inconfidentes.
Sonia Sant'Anna é de uma família de escritores. Seus irmãos Sérgio e Ivan Sant'Anna são autores conhecidos e laureados. Sonia escreveu outros livros depois de Inconfidências Mineiras: "Barões e Escravos do Café", Memórias de um Bandeirante", "Leopoldina e Pedro I" e "Degredado em Santa Cruz".
(1 de fevereiro de 2016)
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Sonia Sant'Anna é de uma família de escritores. Seus irmãos Sérgio e Ivan Sant'Anna são autores conhecidos e laureados. Sonia escreveu outros livros depois de Inconfidências Mineiras: "Barões e Escravos do Café", Memórias de um Bandeirante", "Leopoldina e Pedro I" e "Degredado em Santa Cruz".
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Marcadores: História
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