O romance Painel Sombrio, do autor independente Osmar Bastos Conceição (já falecido) foi escrito há quase meio século. Denso, com forte caracterização dos personagens. Retrata uma São Paulo dos anos 40, provinciana, em processo de intensa urbanização. Eu me identifiquei logo com um dos personagens centrais, Leandro Gama. Escritor, mineiro, morador do Rio e trabalhador na capital paulistana. Grande parte do enredo se passa em uma mansão da Rua Chile, no Jardim América. A casa da família Antunes. O Jardim América foi a primeira experiência urbanística no Brasil de uma cidade-jardim. Projetada por arquitetos ingleses, contratados pela Companhia City. Moradias com terrenos amplos, ruas não retilíneas, cercadas de muita área verde, com um rígido código de obras, que parece querem agora modificar contra o clamor dos moradores, taxados de elitistas. Bairro onde ficam os clubes Paulistano e Harmonia de Tênis. E ainda a imponente Igreja de Nossa Senhora do Brasil.
O tema central do livro, sem dúvida, gira em torno dos arrivistas que queriam fazer parte de uma alta burguesia emergente em São Paulo. A família Antunes vem do interior e, não se sabe como, passa a morar em uma mansão. Os filhos são perdulários, fúteis, vivendo às custas do pai. Este, depois ficamos sabendo, deve o uso da mansão a um grande amigo da família, dono de uma rede de prostíbulos, que faz de tudo para conquistar a filha Maria Alice. Esta, por sua vez, se apaixona pelo escritor. As empregadas, ficamos também sabendo, moravam no bairro do (Itaim) Bibi, ora vejam. Naquela época o bairro que deve seu nome ao apelido de Leopoldo Couto de Magalhães, onde estudaram minhas filhas e onde hoje mora o jovem Heitor, era composto de casas populares. Como bem lembrou Jaime Lerner em recente entrevista a Roberto D'Ávila, a solução para a mobilidade urbana é morar perto do trabalho.
D. Vicentina, a mãe, tem como principal atividade o jogo de cartas todas as tardes, às vezes varando a madrugada, em casa das amigas. Todo mundo muito preocupado com a reputação. A morte do patriarca, uma figura querida de outros arrivistas (como os Benevolenti), desencadeia uma série de eventos que leva à desagregação da família, dispensa das empregadas, e mudança para um bairro de classe média baixa. E ao final o autor reserva novas surpresas. Gostei do livro, que li de enfiada.
(29 de outubro de 2016)
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O tema central do livro, sem dúvida, gira em torno dos arrivistas que queriam fazer parte de uma alta burguesia emergente em São Paulo. A família Antunes vem do interior e, não se sabe como, passa a morar em uma mansão. Os filhos são perdulários, fúteis, vivendo às custas do pai. Este, depois ficamos sabendo, deve o uso da mansão a um grande amigo da família, dono de uma rede de prostíbulos, que faz de tudo para conquistar a filha Maria Alice. Esta, por sua vez, se apaixona pelo escritor. As empregadas, ficamos também sabendo, moravam no bairro do (Itaim) Bibi, ora vejam. Naquela época o bairro que deve seu nome ao apelido de Leopoldo Couto de Magalhães, onde estudaram minhas filhas e onde hoje mora o jovem Heitor, era composto de casas populares. Como bem lembrou Jaime Lerner em recente entrevista a Roberto D'Ávila, a solução para a mobilidade urbana é morar perto do trabalho.
D. Vicentina, a mãe, tem como principal atividade o jogo de cartas todas as tardes, às vezes varando a madrugada, em casa das amigas. Todo mundo muito preocupado com a reputação. A morte do patriarca, uma figura querida de outros arrivistas (como os Benevolenti), desencadeia uma série de eventos que leva à desagregação da família, dispensa das empregadas, e mudança para um bairro de classe média baixa. E ao final o autor reserva novas surpresas. Gostei do livro, que li de enfiada.
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