E foi assim que quando eu era ainda um menino me foi dado de presente o livro de Harriet Beecher Stowe, A Cabana do Pai Tomás. A minha família era assim. Naquele tempo dava-se de presente às crianças livros que as marcassem para a vida toda, e ajudassem na formação de suas personalidades. Foi desta forma que recebi A Cidade e as Serras, de Eça, para que nunca me esquecesse das serras de Minas, uma dedicatória altamente premonitória. E também O Crime do Padre Amaro, porque meu pai era reconhecidamente anticlerical.
O livro de Harriet Stowe, uma habitante da Nova Inglaterra, vendeu algo como 300 mil exemplares apenas no ano em que foi publicado, isto em 1852. Disseram para a autora que o livro dela havia desencadeado a Guerra de Secessão americana. Um exagero. Depois de haver sido festejado em vários países, o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos da década de 60 colocou-o sob suspeição. Pai Tomás seria um santo e não exatamente um herói, como seria Martin Luther King. Pai Tomás aceitava o seu destino de escravo e isto deveria ser esquecido.
O fato é que o livro de Harriet Stowe, que chegou a ser a escritora mais famosa do mundo no meio do século 19, despertou as consciências para a situação desumana em que viviam os escravos, sobretudo no sul dos Estados Unidos, e tornou-se um clássico.
(12 de fevereiro de 2017)
E que tal receber as atualizações do nosso blog por email? Para assinar clique aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Suas idéias e seus comentários são bem vindos.