Cristina, uma figura intrigante, feita rainha aos seis anos de idade pela morte do pai, coroada aos 18, pupila de Descartes, que nunca quis se casar, e que abdicou do trono aos 28 anos (em 1654). Já começa que chocou a sociedade da época porque insistia em usar roupas masculinizadas. Quiseram que ela se casasse com um primo, e ela preferiu transferir-lhe o título de rei, para não ter que passar pelo dissabor de casar-se. Escreveu cartas apaixonadas para uma certa Duquesa Ebba Sparre, sua amiga inseparável.
Uma das razões alegadas para a abdicação foi que decidiu converter-se ao catolicismo, num país rigidamente luterano. O Papa Alexandre VII, em Roma, aplaudiu intensamente e considerou esta uma vitória sua contra o movimento da Reforma Protestante. Depois disso nunca mais uma mulher pode ser sucessora do rei na Suécia.
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Então, ela decidiu fixar-se em Roma, com uma enorme entourage. Uma mulher muito inteligente e com grande cultura, lançou-se como patrona das artes e ajudou a fundar a Accademia dell'Arcadia para o estudo de literatura e filosofia. O Papa concedia-lhe grande atenção, e os cardeais eram assíduos em seu palácio. Há versões de que chegou a ser amante de um deles, mas sobre isso há controvérsias.
Afonso Arinos, em seu livro Amor a Roma, discorre sobre ela e sobre o encantamento que ela causou no nosso Padre Antônio Vieira (nasceu em Lisboa, mas morreu na Bahia), já idoso e cansado de muitas lutas contra seus inimigos da Inquisição e os inimigos do Reino de Portugal. Ele foi mandado a Roma pelos jesuítas, aprendeu italiano, e conquistou Roma com seus sermões maravilhosos. A tal ponto, que a Rainha Cristina pediu ao Papa que ele fosse designado como pregador oficial em sua capela privada. Foi o encontro de duas mentes brilhantes, por assim dizer. Antônio Vieira ficou simplesmente encantado com Cristina. Permaneceu seis anos em Roma, até que sentindo-se muito doente pediu para voltar a Portugal, e de lá novamente ao Brasil, onde morreu aos 89 anos.
Quando a Rainha Cristina morreu, aos 62 anos, o Papa ordenou que lhe prestassem grandes homenagens em Roma. É uma das três únicas mulheres sepultadas na Basílica de São Pedro.
Recomendo a leitura do livro de Verônica Buckley "Cristina, Rainha da Suécia".
(Imagem reprodução de pintura de Sébastian Bourdon - Creative Commons)
Rainha dos Suecos, Godos e Vândalos / Grã-Princesa da Finlândia / Duquesa de Íngria, Estônia, Livônia e Carélia.
(28 de fevereiro de 2017, em homenagem a Pedro Augusto de Oliveira)
Carlos G. Vieira
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