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Diz meu amigo Sarmento que coincidências existem. Pode ser. Estava eu lendo o contra-rótulo de um vinho do Alentejo, da região de Beja, que leva o nome de minha mãe, uma sobrinha, e de netas de meus compadres, quando tomei conhecimento da história de Mariana Alcoforado.

Nasceu em Beja numa data que não costumo esquecer  - 2 de abril de 1640 - e entrou para um convento aos onze ou doze anos de idade, contra a vontade e para sua própria segurança, numa época de violência da Guerra da Restauração portuguesa. Aos vinte anos, de uma janela do convento, vê um oficial francês, troca olhares com ele, e fica perdidamente apaixonada. A partir daí consegue recebê-lo diversas vezes em sua cela, e ele promete amor eterno, volta para a França e nunca mais retorna.

Mariana, então, escreve cinco cartas a seu amado, em épocas diversas, dizendo de sua paixão e de sua tristeza. Estas cartas, cuja autoria é muito discutida, foram reunidas em livro e publicadas pela primeira vez na França, com o título de Lettres Portugaises em 1669. A partir daí o livro passou a ser um clássico da literatura mundial. Se a autoria de Mariana é contestada por alguns, a história é verdadeira. Ela acabou sendo abadessa do convento e morreu com mais de 80 anos.

Transcrevo da segunda carta o seguinte trecho:

"Creio que faço ao meu coração a maior das afrontas ao procurar dar-te conta, por escrito, dos meus sentimentos. Seria tão feliz se os pudesse avaliar pela violência dos teus! Mas não posso confiar em ti, nem posso deixar de te dizer, embora sem a força com que o sinto, que não devias maltratar-me assim, com um esquecimento que me desvaira e chega a ser uma vergonha para ti."

(27 de agosto de 2018)

Carlos G. Vieira

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