Uma vez, estando em quarto de hotel em Portugal, vejo um programa na TV falando da Igreja do Colégio dos Jesuítas nos Açores (Ponta Delgada), e o narrador explicava que o estilo adotado nas pinturas só existia ali e em Sabará. Levei um susto. Referia-se, naturalmente, à Igrejinha do Ó. Mas também se aplica à Igreja Matriz. Explica Mauro Monteiro, com relação à Igrejinha, que "O arco do cruzeiro é decorado com estampas com motivos orientais, as chinesices."
Para exemplificar o estilo joanino, que refere-se a várias correntes artísticas que prosperaram em Portugal no reinado de D. João V, o autor vai a Ouro Preto, e começa pela Capela do Padre Faria. São os retábulos o que mais chama nossa atenção no Barroco Mineiro. Como este período coincide com a descoberta do ouro nas Minas, em abundância, o barroco carregou no dourado. Um bom exemplo a meu ver, em Portugal, é também a Igreja do Carmo, no Porto.
Outra característica interessante das fachadas de algumas igrejas de Ouro Preto, como a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, é a construção curvilínea. E o autor lembra que outro exemplo deste tipo de construção foi a Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Rio de Janeiro, uma relíquia infelizmente demolida para dar lugar à Avenida Presidente Vargas (ela é citada no livro A volta do Abominável, em nossa Livraria Virtual).
Depois vem o rococó, um estilo que nasceu na França e que se opôs, de certa forma, ao barroco. Enquanto o estilo barroco é austero, fechado, escuro (o "horror ao vazio"), o rococó introduziu o branco, a claridade, no interior das igrejas. O autor cita, como exemplo, exatamente a Igreja do Carmo de Ouro Preto. E o casarão? Lá está, imponente, em Ouro Preto, com sua eterna vocação para hospedar as pessoas.
Além de todas as explicações devidas, e uma minuciosa pesquisa sobre as igrejas coloniais de Minas, o autor ainda nos ensina termos tais como padroado, galilé, cornija, capitel, e vários outros. Vale a pena ler.
(Livro A Igreja e o Casarão, Mauro Monteiro, 3i editora, 2021)
(16 de junho de 2021, em homenagem a Lívia Vieira Marques, que hoje completa oito anos.)
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