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Achei esse livro, que recebi das mãos de minha vizinha, surpreendente e intrigante. Acho que a última vez que li uma história que se passava no Brasil da época do descobrimento foi o livro de Hans Staden, há muitíssimos anos. O autor, Rodrigo Leão, consegue prender a atenção do leitor até a última frase. Eu me vi cercado de indígenas antropófagos, onças-pretas que saltam no espaço, com bocarras abertas e prontas para abater as presas, um frei que não é exatamente frei, mas um predador perigoso, e uma deliciosa guerreira, chamada Raíra.

O personagem central, Yawara, é um jovem que surge à frente do outro personagem central, João dos Piratiningas, de forma, digamos, inusitada. Este João, que me lembrou um outro, do qual a genealogia me diz que tenho alguma coisa a ver, João de Toledo Castelhanos, é casado com uma filha do famoso Tibiriçá. E, no livro, aparecem nomes vagamente conhecidos: Anhagabaú, Tamanduateí, São Vicente, Martim Afonso de Souza.

Toda a história é contada pelo filho, gerado de forma estranhíssima, de uma certa Vanozza, a Vermelha e Giovanni Pico della Mirandola, morto em 1494,  aos 31 anos, em Florença. Este, por sua vez, autor de um livro intitulado Discurso sobre a dignidade do homem. E tal como no famoso romance (que pouca gente leu) de James Joyce, Ulysses, tudo se passa em menos de 24 horas. Eu elegi minha personagem favorita: a índia Raíra. E descarreguei todo o meu repertório de palavrões, que não são poucos, em cima do "frei" Simião. Leiam, e depois me digam.

(livro Yawara, Rodrigo Leão, editora Quelônio, 2021)

Carlos G. Vieira

(22/02/2022, uma data mágica)

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