O nosso Grupo Escolar, hoje todo restaurado e transformado em Escola Estadual, completará em 2024 cento e dez anos que ali está, imponente, ocupando todo um quarteirão entre a Avenida Getúlio Vargas e ruas Rio Grande do Norte e Tomé de Souza. Ele foi a primeira escola deste tipo em Belo Horizonte, criado em 1906 e tendo funcionado anteriormente na Avenida João Pinheiro.
Já disse isso no livro Armazém Colombo (em nossa Livraria Virtual), antes de mim ali estudaram meus irmãos mais velhos, e depois, meu irmão Sérgio, primos e sobrinhos. Por ali também passaram mineiros ilustres como Israel Pinheiro, Otacílio Negrão de Lima, Américo René Gianetti e a estilista Zuzu Angel. Ali também estudou Caio Vianna Martins, uma lenda do escotismo, que morreu aos 15 anos de idade, em virtude de ferimentos no famoso desastre ferroviário na Serra da Mantiqueira em 1938. Era mineiro, mas deu nome ao estádio em Niterói. Meu irmão José Flávio também estava no grupo de escoteiros, e felizmente nada sofreu.
Mas, é preciso dizer, a minha turminha não ficava atrás de jeito nenhum. Tínhamos o filho do Secretário de Educação Odilon Behrens, o filho de Mário e Lúcia Casasanta, a filha do Cônsul da Síria Antônio Cadar, o sobrinho do Cardeal D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, o filho do Dr. Jurandir Bandeira, e eu. Entre muitos outros.
Lembro-me muito bem da minha primeira professora, dona Udila Alves, e de dona Vera Brandão, a última, que encerrou sua carreira com a nossa turma. Lembro-me perfeitamente de nossa diretora, dona Ondina do Amaral Brandão, quase nossa vizinha ali na Rua Maranhão. E me lembro também de dona Natália Lessa, nossa professora de educação física e uma pioneira no ensino de dança para meninas em Belo Horizonte. E eu, precocemente, tentei engabelá-la para ser dispensado da aula de ginástica, mostrando um tosco bilhete que eu mesmo havia escrito, imitando a letra da minha mãe. Ela me olhou desconfiada, eu com a cara mais inocente de meus oito ou nove anos, e deixou passar. Já nem me lembro o porquê desta fraude precoce.
Uma vez, para meu espanto, meu irmão mais velho me contou que, certo dia, foi obrigado a ir buscar o filho, lá naquele portão que ficava entre Rio Grande do Norte e Tomé de Souza, porque um coleguinha havia dito que "iria pegar ele na saída". Era comum que as desavenças e pequenos desentendimentos fossem resolvidos no tapa, na saída das aulas. Nada muito diferente de hoje em dia.
O meu grupo de colegas preferia sair correndo e passar na Sorveteria Domingos, ali na esquina da Rua Santa Rita Durão com Avenida Getúlio Vargas. Ou pegar uma carona no bonde até a Praça 12, como era conhecida naquele tempo. Bons tempos.
Carlos Gentil Vieira
(18 de janeiro de 2024 - agradecendo a Lili e Bibi, cuja foto ilustra esta postagem)
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Marcadores: Memórias
2 Comments:
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- Túlio Bueno said...
20 de janeiro de 2024 às 09:05Li o artigo com atenção, lembro o nome de uma professora Dona Maria Antônia , outra Dona Ulma, Dona Áurea e Eliana lá lecionário.De sua família s última aluna foi a Lilian Vilhena, a qual fui busca-la uma única vez a pedido de Dona Eugénia, na mesma esquina da Rua Tio Grande do Norte.- vececo said...
20 de janeiro de 2024 às 13:00Fico feliz em ver que meu querido amigo de infância e advogado nas horas mais complicadas continua com uma excelente memória. Deve ser consequência de algum suco do Bar do Plínio, tomado na juventude.
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