quinta-feira, 24 de outubro de 2024

As jacas do meu caminho

Quase todos os dias passo por estas jacas, cada dia maiores, que nascem de uma jaqueira portentosa, no passeio da rua por onde caminho, e que crescem na altura da minha cintura. São minhas companheiras silenciosas, até que alguém venha colhê-las. Todos os anos é assim. O perigo é alguma destas frutas, que chega a pesar até 50 quilos, despencar lá de cima justo quando alguém está passando embaixo. Não é o caso destas da foto, porque os frutos estão muito próximos ao chão. Mas é o caso da maioria, cujos galhos muito altos se projetam sobre as calçadas. Eu mesmo tive um carro danificado, porque estacionei embaixo de uma delas e não notei os frutos abundantes. Uma jaca estava prestes a cair, caiu e afundou o teto do carro. 

As jacas são frutas típicas da India, Bangladesh e Vietnã. Acho que também já fazem parte da nossa Floresta da Tijuca, e se multiplicam na medida em que as sementes estão espalhadas pelo chão, e os animais tratam de levá-las para bem longe. Mas há um mistério nesta história. Quando chega fins de dezembro ou janeiro, não resta mais nenhuma destas frutas para se ver. Somem todas. O que me levou, anos atrás, a encomendar uma delas no edifício Meia Lua, do meu amigo Washington. Lá existem várias jaqueiras. Fui apanhar de carro e com muito sacrifício coloquei a dita cuja na nossa cozinha. Imediatamente acionei todas as mãos disponíveis e começamos a preparar um delicioso doce de jaca. E tem gente que diz que não gosta.

Carlos G. Vieira

(24 de outubro de 2024)


Um comentário:

  1. Adorei esse texto! Me deu vontade de comer um doce de jaca e de conhecer essa imensa jaqueira.

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