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Assim como uma família compra um pet. Que tal? Numa época em que as pessoas só se preocupam com números. Qual foi a inflação acumulada no ano, quanto subiu/abaixou a Bolsa hoje, quanto temos no banco, quanto vai distribuir a mega sena, quais as ofertas do supermercado, quais as ofertas de passagens aéreas, qual vai ser o aumento do salário.

De fato, o escritor português Afonso Cruz colocou o dedo na ferida. Numa época fictícia em que as pessoas são identificadas por números e não por nomes. E algumas, nota bem a personagem mais jovem da família desta história, são pernósticas. São conhecidas por letras e números complexos, com uma parte decimal. Tipo BB9,2.

E, de repente, bate uma vontade de comprar um poeta e levar para casa. Arranjam um lugar para ele debaixo da escada (na minha casa era onde meu pai guardava as garrafas). E o poeta fica poetando. Até uma janela com vista para o mar ele consegue criar.

Mas o poeta acaba por se tornar inconveniente com sua visão poética, e é abandonado em um parque, como algumas pessoas fazem hoje com aquele cãozinho tão querido. Conclusão do autor: "nunca se abandona a poesia nem num parque, nem na vida".

Eu pensei muito se valeria a pena comentar este livro, tamanho o número de resenhas e comentários sobre ele que encontrei, muito mais bem escritos do que eu conseguiria fazer. Perdoem-me, mas foi irresistível.

(Livro: Vamos comprar um poeta, Afonso Cruz, Editora Dublinense Ltda, Porto Alegre)

Carlos. G. Vieira

(12 de novembro de 2024, em homenagem a Dona Mary)


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